São horas vertidas sobre o pálido papel (Marcos Malfatti)
São horas vertidas sobre o pálido papel;
Em minha sinistra mão
Brinca uma caneta - o meu cinzel -.
Estimulo-a a prosseguir,
A devassar a frágil folha,
A conspurcar sua alva pele,
Mas pouco adianta,
A rara inspiração a atravanca.
Diante da insistência
Ela sucumbe e quase desfalece.
O cérebro ordena: "Levante-se,
E se eleve, e se arremesse".
Trêmula, ela suplica
Por um átimo de inspiração.
E o carrasco, olhando de cima
Responde, impiedosamente:
"Sem esforço, não há compensação".
Poesia de Marcos Malfatti
Autor: Eduardo Gomes Data: 30/12/2018
|